sexta-feira, 3 de outubro de 2008

PARECIA MENTIRA, MAS EU ESTAVA ALI DE VERDADE

A sensação eu já conhecia. Mas sentir aquilo, ver aquilo agora me soou estranho. Me pareceu fora da rima. Era cedo, aliás, muito cedo. Cedo demais para um domingo chuvoso e frio com a cama quentinha e tão confortável.
Eu estava lá, 8 horas da manhã, sentada, de frente para o quadro, esperando aflita. Esperando que as cadeiras que estavam ao meu redor continuassem vazias. Esperando que a moça que insistia que ninguém podia nem ficar com o relógio de pulso resolvesse acabar com aquela tortura logo. E ali, naqueles minutos intermináveis, a única coisa que tinha para ler era o quadro. E li e reli a mesma coisa na esperança de uma hora mudar.

Início: 9 horas (horário de Brasília)
Término: 13 horas (horário de Brasília)

Eu até ri. Há! Não vou ficar aqui 4 horas nem a pau! Imagina! 4 horas... E não fiquei.
A angústia acabou quando um cara, bem do mal humorado, chegou com um envelope vermelho com as provas. As provas que podem ser o começo de tudo ou o fim do começo. E como de praxe, rezei para não ser a primeira a sair. Era dar muito na cara. Aliás, eu nunca tive a coragem de ser a primeira a sair por ser taxada de burra.
Eu fiquei ali pouco mais de 2 horas não por evitar o rótulo de burra, mas porque eu realmente queria. Porque eu precisava ficar lá. Cada escolha correspondia a 20% de chance a mais ou a menos de chegar lá.
Eu fui embora com o peito cheio de esperança e com os olhos quase caindo de tanto sono. Liguei para a minha mãe e contei cada detalhe, se eu tinha ido bem, ou não. Me senti, depois de tanto tempo, como se tivesse acabado de sair da escola e estava na espera de passar no vestibular.